Saiu nesse domingo (04) o oitavo e último episódio dessa segunda temporada de A Casa do Dragão (House of The Dragon), transmitido pela plataforma de streaming Max. Saiba tudo o que aconteceu nesse final de temporada!
Sinopse do oitavo e último episódio da segunda temporada de A Casa do Dragão
No oitavo e último episódio da segunda temporada de A Casa do Dragão, intitulado “A Rainha Que Sempre foi“, Rhaenyra, junto de Baela e Jacaerys, conversa com os mais novos montadores de dragões. Em Porto Real, Larys tenta alertar Aegon sobre o perigo que ele corre, com os inimigos de dentro e de fora. Corlys segue com sua frota rumo à Goela e Aemond convoca Helaena para montar Dreamfire e ajudar na iminente guerra.
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A batalha que nunca foi
Em linhas gerais, pode-se dizer que esse 8º e último episódio de A Casa do Dragão, pode ser considerado um bom episódio. Foi bem feito, bem escrito, a história foi bem amarrada e foi repleto de acontecimentos importantes. Mas tem algumas falhas graves, que você entenderá quais são no decorrer desse review.
Tudo começa com Tyland Lannister negociando com os líderes da famigerada Triarquia. É claro que eles não iam dar de bandeja ou a um preço muito baixo o que o Time Verde estava desejando. Em troca de sua frota, sua tripulação, a Triarquia deseja Stepstones e que Tyland aceite que uma de seus comandantes vá com ele. Almirante Lohar diz que só aceitará caso Tyland participe de uma luta na lama. Sem muita alternativa, Tyland aceita e, apesar de apesar bastante, acaba vencendo, de certa forma. Posteriormente, partem com os navios.
Depois, temos Aemond com Vhagar próximo a Ponta Aguda, que jaz completamente queimada e reduzida a ruína e cinzas. E é aqui que reside o primeiro erro gravíssimo do episódio e também um dos maiores da série como um todo. Trata-se de não apenas uma propriedade, mas sim de uma cidade INTEIRA, completamente destroçada, repleta de inocentes. Esse ato serviria para mostrar não apenas a vilania de Aemond, mas dos Verdes como um todo. Seria de suma importância que fosse mostrada a intenção de Aemond ir até ali, os motivos e mostrar toda a carnificina e destruição que ele causou. Não mostrar esse evento é um pecado imenso não apenas em termos de narrativa, de construção de personagem, mas também porque serve, num quadro maior, para amenizar indevidamente o que os Verdes fazem.
Larys conversa com Aegon, conta que Rhaenyra tem mais montadores de dragão e que ele corre perigo ali, não só em termos de trono, mas de vida também. E tenta convencê-lo a fugir para Braavos e ficar ali até a poeira baixar. O intuito é deixar Aemond e Rhaenyra brigarem, se aniquilarem, terem a antipatia do povo e aí ele Aegon retornaria como o Pacificador ou Reconstrutor.
Temos ainda a conversa de Corlys com Rhaenyra, debatendo sobre questões da guerra; Corlys conversando com Alyn e levando um “apavoro” dele, sobre paternidade falha e ausente e Sir Brome ofertando a Daemon a chance de dar o golpe em Rhaenyra e se tornar rei.
Uma das melhores cenas desse episódio é quando Alys Rivers leva Daemon para junto do represeiro, para que ele possa ter um presságio a respeito do seu futuro. Em uma sequência fascinante, Daemon vê o corvo de Três Olhos, vê os Caminhantes Brancos, vê a morte dos dragões, visualiza a própria morte e Rhaenyra no Trono de Ferro, além de ver também 3 ovos de dragão e Daenerys com 3 dragões. Bem no finalzinho de sua visão, aparece Helaena, que reforça para ele o papel dele na história.
Isso não é apenas impressionante por si só, mas por se conectar com a Canção de Gelo e Fogo citada por Viserys, mas, para nós espectadores, porque mostra de maneira bem declarada a conexão com os eventos de Guerra dos Tronos e a enorme relevância de Daenerys, dando a entender que ela é a tal Princesa Prometida.
Essa visão é importante porque faz com que ele compreenda tudo que aconteceu e irá acontecer, o papel dele e de Rhaenyra e o quanto tudo aquilo, apesar de ser necessário acontecer por conta da ordem das coisas, está longe de ser a guerra mais importante. Afinal, uma guerra ainda mais importante está por vir: a com Os Outros e o grande inverno.
Ademais, com tudo isso em mente, com tudo que ele observou e entendeu, quando Rhaenyra chega a Harrenhall para questioná-lo, ele explica brevemente sua visão e jura lealdade à ela, sendo seguido por todo o exército das Riverlands que está presente ali.
Aemond, na presença de Alicent, tenta convocar Helaena para montar Dreamfyre, ao que ela se recusa e a mãe se opõe e ajuda a impedir esse intento dele. Posteriormente, quando encontra Helaena sozinha, tenta, adoçando a fala, convencê-la novamente. Mas ela dá uma bela “chapuletada moral” em Aemond, mostrando que sabe o que ele fez com Aegon, que ele retornará ao trono e ele Aemond irá morrer no Olho de Deus. Ele fica contrariado, tenta ameaçar, mas Helaena, com sua delicadeza, dá um belo fecho novamente, dizendo que matá-la não mudaria o destino dele.
Então, somos jogados para Dragonstone, onde Alicent, assim como Rhaenyra o fez, vai até ela para conversar com ela e dissuadi-la de persistir com a guerra. Rhaenyra faz questão de apontar os erros de Alicent. Em sua preocupação e desespero, diz que falará com Aegon, pedirá para os guardas se renderem, a fim de permitir que Rhaenyra tome Porto Real sem ceifar vidas inocentes. Rhaenyra pede a “cabeça” do filho de Alicent, que se mostra reticente. Por fim, Alicent parte.
É aí que está o maior e mais grave erro do episódio. Não apenas é falho com o episódio em si, mas com a temporada como um todo, com todo o arco da personagem de Alicent. É super ok eles quererem humanizar os vilões, mostrar que as pessoas não são feitas de ferro, mas há limites. A impressão que passa é que por vezes, na série como um todo até agora, pesaram um pouco além da conta essa humanização dos Verdes, sobretudo da Alicent.
Alicent é alguém profundamente amargura, invejosa e ressentida. Infernizou a vida de Rhaenyra quando esta teve seus filhos e antes disso também. A acusou de impura, de imoral e indecente, mas fez aquilo que criticou. Conspirou com seu pai Otto e demais pessoas para usurpar o trono. Partiu para cima de Rhaenyra com uma faca e a feriu e queria ferir um filho de Rhaenyra na época. Participou do complô para difamar Rhaenyra e acusa-la falsamente de matar seu neto. Fez de tudo para obter poder e governar através de seu filho. Mesmo quando Rhaenyra, arriscando sua vida e sua integridade, vai atrás dela para persuadi-la a acabar com a guerra, esclarece o engano que ela cometeu com a fala de Viserys (a qual ela fez a confusão de Aegon seu filho e Aegon Conquistador), mesmo assim ela decide seguir com a guerra, argumentando que já era tarde demais.
Oras, essa suposta tentativa de redenção que foi feita nessa cena danifica o arco de Alicent, é totalmente incoerente. Ela provocou tudo isso, foi parte integrante e essencial em todo esse caos que está acontecendo e então decide adentrar na vibe coitadolândia, se fazer de boa? Não faz sentido.
Entendemos que ela viu que nada do que ela quis ela obteve e tudo o que ela fez não trouxe um bom retorno a ela. Mas daí inserir uma cena, levando em conta tudo isso, onde ela tenta se redimir? É como rabiscar em cima do que foi construído até agora nesse arco. E, além disso, abre uma brecha para Rhaenyra ser rechaçada por algo que, de certa forma, ela foi forçada a fazer e agora seria tarde demais para voltar atrás.
O episódio termina mostrando Otto preso; Larys fugindo com Aegon; Rhaena encontrando um dragão nas terras do Vale e as frotas de Corlys e da Triarquia rumando para a Goela. Aqui entra mais um erro, pois, apesar de ser um episódio bem bacana, bem escrito e bem feito (salvo exceções citadas), não é um episódio digno de final de temporada. Daria um ótimo episódio de começo ou meio de temporada, mas não um de final. Final de temporada pede algo mais bombástico e grandioso, aquele “punch” saboroso e necessário e que dá um gosto de quero mais para a próxima temporada. Contudo, acaba sendo um verdadeiro episódio de build up, impróprio, novamente, para um fim de temporada.