O filme “Beau Tem Medo” (2023), cujo título original é “Beau Is Afraid” é uma produção de 2023, contendo 2h59min de duração. Na direção, há a presença do conceituado Ari Aster. Agora, por sua vez, o elenco com ninguém menos que Joaquin Phoenix, Patti Lupone, Nathan Lane, Amy Ryan, Stephen McKinley Henderson, Denis Ménochet, Kylie Rogers, Armen Nahapetian e Zoe Lister-Jones. Saiba mais aqui no Cinemarte.
Sinopse de “Beau Tem Medo”
O filme “Beau Tem Medo” configura-se como uma obra cinematográfica híbrida que entrelaça elementos de comédia sombria, drama e terror, sob a direção magistral de Ari Aster e os traços criativos da produção da A24. Com cenário delineado em um contexto contemporâneo alternativo, a narrativa desenrola-se em torno de Beau Wassermann (interpretado por Joaquin Phoenix), um indivíduo carregado de apreensão intensa e paranoia infundada. Sua relação com a matriarca dominadora, Mona (interpretada por Patti LuPone), está longe de ser tranquila, sendo ainda mais complicada pela sua falta de familiaridade com a origem paterna.
Após o falecimento de Mona, Beau vê-se compelido a retornar à morada ancestral para os ritos fúnebres. Entretanto, essa jornada torna-se enredada em uma teia de eventos imprevistos que parecem incansavelmente determinados a desviá-lo de seu caminho. Esses acontecimentos desconcertantes adicionam uma camada extra de complexidade ao seu estado já angustiado. Agora, confrontado por suas fobias mais atormentadoras e surreais, Beau deve enfrentá-las de frente para garantir sua passagem em direção ao destino final.
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Beau Tem Medo…e nós que lutemos para aguentar a pataquada
Quando foi anunciado que Ari Aster estava lançando um novo filme, nesse caso o filme “Beau Tem Medo”, criou-se muitas expectativas. Afinal, o cineasta ganhou uma expressiva notoriedade ao realizar obras do calibre de “Hereditário” e “Midsommar”, que possuem um nível de qualidade elevadíssimo, são obras primas muitíssimo bem feitas.
Não sei dizer por qual razão, mas Ari Aster talvez tenha se empolgado um pouco além da conta quando fez Beau Tem Medo. Ari Aster é realmente excelente, mas definitivamente perdeu a mão em Beau Tem Medo.
Ele é perito em fazer filmes que causam uma dose generosa de estranheza, mostrando e construindo coisas bizarras. Isso não é ruim. Pelo contrário, em suas obras anteriores isso foi parte da sua genialidade, parte da sua marca, do seu diferencial.
Entretanto, em Beau Tem Medo ele perdeu completamente a noção. É algo completamente “viajado”, uma “brisa” das bem loucas, mas novamente, esse não é necessariamente o problema. Quando bem feito, bem construído, bem montado, fica incrível e pode ser justamente o elemento mais interessante. Porém, esse não é o caso desse filme.
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De modo geral, a obra é muito sem pé nem cabeça, não tem sentido, não tem lógica. Ela se perde em vários momentos, deixando o espectador completamente confuso, sem entender coisa alguma ou no mínimo ficando com muitas dúvidas ruins.
O primeiro ato do filme, ou seja, o seu começo, é até interessante. Vemos Beau super assustado e com alguma razão, em meio ao local repleto de loucura, caos e violência que supostamente é seu bairro. Ao chegar em seu apartamento, ele vai dormir, mas tem seu sono perturbado por seu vizinho, que o acusa de estar fazendo barulho. Quando finalmente consegue dormir e depois acorda, vê que está muito em cima da hora de pegar o voo para ver sua mãe.
Ele sai às pressas e já está na porta quando lembra que esqueceu algo. Deixa a mala na porta aberta e, quando volta, não só a mala sumiu, mas também as chaves do seu apartamento. Temeroso, ele liga para a mãe, que fica bastante ressentida com a possibilidade dele não ir.
A partir daí, acontece uma sucessão de coisas bizarríssimas rumo à sua jornada para visitar a sua mãe. É a partir daí que o filme começa a se perder um pouco e cada vez mais. Nos vemos imersos e perdidos em meio aos devaneios, sonhos e “brisas” de Beau.
Um ponto positivo que é preciso elencar é que é muito difícil distinguir o que é real e o que não é em Beau Tem Medo. Esse jogo que a obra faz conosco é interessante, traz alguma complexidade e bota nossa cabeça para funcionar, nos engajando com a narrativa.
Outro mérito em Beau Tem Medo é que, mesmo com toda a pataquada que ele é, consegue nos entreter de alguma maneira e em algum nível, consegue nos manter curiosos e interessados em saber o que vai acontecer a seguir na história.
Todavia, os pontos positivos de Beau Tem Medo param por aí. Veja, não é um problema um filme ser carregado de acontecimentos loucos e coisas bizarras e improváveis. O excelente filme “Mãe!” esta aí para provar isso. Porém, ao contrário de Beau Tem Medo, tudo que é exibido em “Mãe!” tem um sentido, uma lógica, um propósito, uma razão de ser.
No filme Beau Tem Medo, por sua vez, tudo é mal encaixado, mal construído, sem sentido, sem razão de ser, sem explicação plausível. Nada parece ter lógica.
Além disso, o filme é arrastado demais. Em um dado momento, começa a ficar muito maçante, muito entediante, muito enfadonho. É excessivamente longo e sem razão alguma para isso. Veja bem, o problema não é um filme ser longo. O problema, como é o caso de Beau Tem Medo, é quando não tem razão para que o seja e é mal construído. São quase 3 intermináveis e tediosas horas. O filme deveria ter no máximo 2 horas e estaria de bom tamanho para o que se propõe.
A premissa de Beau Tem Medo é interessante: mergulharmos nas paranoias e fantasias abstratas do personagem principal, seus problemas internos, seus problemas com o mundo que o cerca, seus problemas com a mãe. Ari Aster aqui mostra o quanto e como a maternidade tóxica e superprotetora pode ser incrivelmente castradora, ajudando a criar um ser repleto de traumas, de medos, de inseguranças.
Beau Tem Medo definitivamente não é um filme bom, uma pequena mácula em meio às outras brilhantes obras de Ari Aster.