3 Faces (2018) – Crítica do filme

O filme iraniano 3 Faces (Se Rokh) é uma obra elaborada no ano de 2018, tendo na direção o famoso diretor iraniano Jafar Panahi. No elenco do filme que possui 1h40min de duração, há a presença de Behnaz Jafari, Jafar Panahi, Marziyeh Rezaei. Saiba mais aqui no Cinemarte.

Sinopse do filme 3 Faces

Uma atriz iraniana bem famosa recebe um vídeo muito angustiante e pesado de uma jovem suplicando por sua ajuda para poder seguir a carreira de atriz e se desvencilhar de sua família conservadora. Com a ajuda do amigo e diretor Jafar Panahi, ela tenta saber se o vídeo sobre o possível suicídio da garota é verdadeiro ou se trata de algum tipo de manipulação. Na companhia dele, eles vão até a vila da jovem, em uma região montanhosa no norte do país, onde tradições antigas ainda vigoram e a vida é bem distinta dos meios urbanos.

Verdades e críticas

Em um mundo onde a imagem, seja ela no formato de fotografia ou de vídeo, é tão amplamente utilizada, para os mais variados fins, com as mais diversas intenções, valendo-se de recursos dos mais distintos, como saber a verdade por meio dela? O que é necessário fazer para validar a imagem como fonte confiável? O filme 3 Faces já inicia com esse questionamento.

Aliás, o diretor Jafar Panahi (que também está participando da obra como ator, interpretando ele mesmo) usa e abusa das imagens, enquadramentos e planos para contar a história sobre diferentes óticas, despertar reflexões e sentimentos diferentes.

3 Faces é repleto de close-ups, o que induz o espectador a criar uma conexão maior com os personagens, os problemas que eles estão enfrentando, mostrar sua angústia, enfim, nos aproximarmos deles e do drama que está sendo vivido. O intuito é que criamos intimidade com eles e sejamos empáticas com seu anseio em encontrar a garota, seus dúvidas sobre ajudá-la ou não quando a encontram, captar seus pensamentos e sentimentos sobre o que estão vivenciando no local.

Em contraposição a isso, há alguns planos aberto, sempre com o intuito óbvio da ambientação, para nos situar sobre a longínqua e complexa região montanhosa do Irã e sua dura vida no campo, com suas dificuldades, com suas intempéries.

3 Faces é um road movie, dos bons. Mas ele foge, certamente, daquilo que é habitual. De fato, muitos road movies tendem a usar a viagem, o percurso da estrada para trabalhar questões internas e pessoais dos personagens. No entanto, apesar de isso ser bastante comum, um road movie não precisa conter necessariamente esse elemento. A jornada em questão pode ser, como é o caso de 3 Faces, sobre a situação de um país (no caso o Irã) e suas questões sociais, culturais e políticas, assim como também sobre acontecimentos, fatos, épocas, e assim por diante.

3 Faces é uma viagem Irã adentro, sobre a problemática do machismo e misoginia, sobre o conservadorismo ali presente, sobre a diferença entre classes sociais, sobre a discrepância entre a vida nos centros urbanos e a vida no campo. É ainda um mergulho a respeito das visões, práticas e tradições culturais mais antigos.

Minha ressalva, ou melhor, o ponto que me desgosta no filme é seu final, que é deveras inconclusivo. Sim, existem filmes cujos finais inconclusivos fazem sentido e produzem ótimas questões. No entanto, no caso de 3 Faces, a sensação de incompletude não foi positiva, pois não foram bem sucedidos em deixar a continuação para a abstração do espectador, mas sim deixou uma lacuna, um buraco que não faz perder um pouco a coesão.

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Redatora web há 7 anos. Faço parte da equipe de redação do Cinemarte, escrevendo reviews das séries e filmes que assisto!

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