O quinto episódio da série Under The Bridge, transmitida pela plataforma de streaming Hulu foi ao ar ontem (08). Saiba tudo o que aconteceu em Under The Bridge S01E05!

Recapitulação do episódio 4

No episódio anterior de Under The Bridge, foi contada a história da chegada dos avós de Reena ao Canadá e tudo aquilo que passaram enquanto imigrantes e pessoas não-brancas. Vimos também como os pais de Reena se conheceram e o que tiveram de abrir mão. O “Crip Mafia Cartel”, o grupinho de colegas de Reena foram à casa dela jantar com os pais dela e, à mesa, acontece uma hostilidade de Josephine ao pai de Reena. Reena acusa falsamente o pai de ter abusado dela e ele vai preso. Josephine e Dusty descobrem que Kelly roubou o par de botas de Reena após os acontecimentos debaixo da ponte.

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Review de Under The Bridge S01E05

É incrível como Under The Bridge consegue se manter interessante a cada episódio que se passa. Mais do que isso: todo novo episódio que surge traz novas camadas para a narrativa e aumenta a tensão, nos prendendo, mexendo conosco em muitos níveis e sentidos.

Cam (Lily Gladstone) se vê com a investigação um pouco carente de avanços. Ela sabe que foi algum dos adolescentes que matou Reena, mas não sabe quem e, mais ainda, precisa de meios para provar, precisa saber mais detalhes. Mas como?

Bem, Rebecca vai ser de enorme utilidade nesse processo. Apesar da tentativa de aproximação dela com Josephine ter miado um pouco após a última conversa, ela vai tentar dar um jeito de se reaproximar. E é justamente diante dessa tentativa que Rebecca vai se arriscar de maneira muito perigosa.

É impressionante o quão bem sucedida é a série em nos manter profundamente tensos e apreensivos com essa incursão de Rebecca junto do trio Josephine/Kelly/Dusty e da ganguezinha de garotos que elas tem contato. O clima de tensão e medo que fica nesse conjunto de cenas é imensurável.

Um dos pontos chaves da série diz respeito às questões de raça, etnia e cultura e do racismo estrutural. A série evidencia que o racismo está presente em tudo, em cada elemento da vida em sociedade, em cada mecanismo, em cada fala das pessoas.

Isso é perceptível na série não só em tudo o que Reena em si passou, mas também sua família. Aliás, quando o pai dela foi preso, vemos escancarado mais uma vez o racismo quando o guarda precisa levá-lo para outro local e reproduz uma fala preconceituosa contra indianos.

O racismo também fica evidenciado na forma como a polícia (com exceção de Cam) tem tratado o caso. O crime tem explicitamente um componente racial, mas a polícia, inclusive o pai de Cam, se recusa a enxergar isso. A branquitude, em sua presunção narcísica, se recusa a enxergar a opressão. Usa o argumento raso e infundado da presença de pessoas de outras etnias em determinados lugares como desculpa esfarrapada e inútil para tentar camuflar sua discriminação e preconceito.

É interessante que Cam tenta explicar ao pai, mas ele busca fugir de admitir o quão problemático é isso, quase dizendo que Cam está “vendo preconceito onde não existe”. É a branquitude se recusando a reconhecer seu privilégio e sua posição de opressor. O fato de ali naquela cidade existir pessoas de outras etnias e mesmo do pai de Cam ter adotado Cam, que é uma pessoa indígena, não exime as pessoas brancas dali (incluindo ele) de constituírem parte de um sistema racista.

Nesse episódio vemos que Kelly assume que matou Reena e Warren foi cúmplice. Kelly assume ali no trio, enquanto Warren assume para Rebecca (que havia angariado a simpatia dele quando no episódio anterior).

Perto do final, vemos Kelly, sem pudor ou culpa alguma, mostrar o quanto apreciou matar Reena. Josephine tenta disfarçar seu espanto, sem tanto sucesso. Mas Dusty se indigna por completo e parte pra cima de Kelly e sai de cena. Posteriormente, vemos ela ser interrogada por Cam, mas naquele turbilhão emocional, naquela mistura de ansiedade e medo e uma porção de sentimentos contraditórios e confusos, Dusty se recusa a admitir que sabe que Kelly matou Reena e segue mentindo que foi Warren (como havia sido combinado com Josephine e Kelly, numa tentativa delas de se livrar da bucha).

Under The Bridge nos mostra o quão as pessoas brancas excluem pessoas de outras etnias. Mesmo Dusty não é efetivamente aceita. Eles “permitem” a ela o acesso (parcial) a alguns espaços, mas nunca a integram efetivamente, escancarando os tentáculos do racismo e suas dimensões e alcance.

Terminamos o episódio com um momento de tensão e apreensão por Dusty, que corre risco. Os próximos episódios prometem.