Pacarrete (2019) – Crítica do filme

O filme brasileiro “Pacarrete” foi lançado no ano de 2019, contabilizando 1h37min de duração. Na direção temos Allab Deberton e no elenco contamos com a presença de Marcélia Cartaxo, João Miguel, Zezita Matos, Soia Lira, entre outros. Saiba mais aqui no Cinemarte!

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Cartaz do filme “Pacarrete” – Fonte da imagem: Prefeitura Municipal de Palmas (TO)/Reprodução

Sinopse de “Pacarrete” (2019)

Pacarrete (Marcélia Cartaxo) é uma professora de dança aposentada que vive a irmã Chiquinha (Zezita Matos), no Russas, interior do Ceará. Rigorosa e ranzinza, ela vive limpando a calçada e brigando com quem passa por ela. Seu grande sonho é estrelar um balé para a população local durante a grande festa da cidade, que está prestes a acontecer. Para tanto, ela manda confeccionar uma nova roupa de bailarina ao mesmo tempo em que tenta convencer a prefeitura de seu show. Entretanto, a falta de interesse da população em geral por espetáculos do tipo, logo se torna um grande oponente.

A vida que persiste em nós

“Pacarrete”, dirigido por Allan Deberton e lançado em 2019, é um filme brasileiro que se destaca não apenas por sua narrativa poética, mas também pela riqueza cultural que permeia cada cena. Localizado em Russas, no Ceará, o filme oferece uma visão única da vida de Pacarrete, uma bailarina aposentada vivida pela extraordinária Marcélia Cartaxo.

A trama, apesar de aparentemente simples, é repleta de complexidades emocionais. Pacarrete, uma mulher idosa apaixonada pela dança clássica, se torna o ponto focal da história. A interpretação de Marcélia Cartaxo é um espetáculo à parte, trazendo uma autenticidade e profundidade incomparáveis à personagem. Cartaxo mergulha nas nuances da personalidade de Pacarrete, transmitindo suas alegrias, frustrações e a resiliência que a define.

A cinematografia do filme desempenha um papel crucial na criação de uma atmosfera única. Cada cena é uma obra de arte visual, capturando tanto a dureza quanto a beleza da região nordestina do Brasil. A escolha de explorar os contrastes da paisagem contribui para a narrativa, destacando a jornada de Pacarrete em meio a um ambiente muitas vezes árido.

A trilha sonora, cuidadosamente selecionada, se integra perfeitamente à experiência cinematográfica. A música clássica, em particular, serve como um elo entre a paixão de Pacarrete pela dança e o espectador. Ela não apenas enriquece a narrativa, mas também proporciona uma compreensão mais profunda da alma da personagem.

O filme aborda temas universais, como o envelhecimento, a busca por propósito e a luta pela preservação das paixões ao longo da vida. Pacarrete, apesar das adversidades e do isolamento, mantém viva sua chama interior pela dança. Ela desafia os estereótipos relacionados à idade e à aposentadoria, inspirando o público a reconsiderar concepções preconcebidas sobre o que é possível em diferentes fases da vida.

A escolha deliberada de um ritmo mais lento pode ser interpretada como uma tentativa do diretor de permitir que o espectador se aprofunde na experiência emocional de Pacarrete. A lentidão proporciona momentos de contemplação, onde o público pode se conectar com os personagens em um nível mais íntimo. Essa abordagem, embora desafiadora para alguns espectadores contemporâneos acostumados a narrativas mais aceleradas, adiciona uma camada de profundidade e introspecção ao filme.

A figura de Pacarrete também pode ser interpretada como um reflexo da resistência feminina, especialmente em uma cultura onde as mulheres frequentemente enfrentam desafios em diversas fases de suas vidas. A protagonista desafia não apenas os estereótipos relacionados à idade, mas também oferece uma representação multifacetada da mulher nordestina, destacando sua força, paixão e capacidade de transcender as limitações impostas pela sociedade.

A deliciosa poesia cinematográfica em “Pacarrete”

Além disso, “Pacarrete” não é apenas um filme sobre dança; é uma celebração da arte como uma expressão universal da condição humana. Através da jornada de Pacarrete, o filme explora a arte como uma fonte de alegria, resistência e conexão com a própria essência. A dança, nesse contexto, torna-se um meio de comunicação mais profundo, transcendendo as barreiras linguísticas e culturais para tocar as almas daqueles que a testemunham.

Em última análise, “Pacarrete” é uma obra cinematográfica que transcende fronteiras culturais e geográficas. Ao celebrar a singularidade de Pacarrete e sua paixão pela dança, o filme ressoa com audiências de todas as origens. É um tributo à resiliência humana, à busca pela autenticidade e à capacidade de encontrar beleza mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.

Ao nos guiar pela vida de Pacarrete, Allan Deberton e Marcélia Cartaxo criaram uma peça notável de cinema brasileiro que não apenas entretém, mas também toca o coração e desafia as percepções convencionais sobre envelhecimento e realização pessoal. “Pacarrete” não é apenas um filme; é uma experiência que nos convida a refletir sobre nossas próprias paixões, sonhos e o significado da verdadeira autenticidade em nossas vidas.

 

1 Review ( 1 out of 10 )

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Redatora web há 7 anos. Faço parte da equipe de redação do Cinemarte, escrevendo reviews das séries e filmes que assisto!

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