O filme “Fale Com As Abelhas” foi lançado no ano de 2018. Ele possui 1h46 min de duração e tem Annabel Jenkel na direção. No elenco, há a presença de Anna Paquin, Holly Grainger, Lauren Lyle, Gregor Selkirk, Kate Dickie e Emun Eliott. Saiba mais aqui no Cinemarte.
Sinopse de “Fale Com As Abelhas” (2018)
Lydia é uma mulher muito trabalhadora, porém o que ganha não tem sido o suficiente para pagar as contas e sustentar seu filho Charlie. Desde que seu marido voltou da Segunda Guerra, ele ficou muito estranho e os abandonou. Tudo muda na vida deles quando Jean Markham, filha de um médico que faleceu há pouco, retorna para a pequena cidade, a fim de tomar conta do consultório do pai.
Final inadmissível
O filme Fale Com As Abelhas, é válido dizer, baseia-se em um livro, de mesmo nome, cuja autora é Fiona Shaw. O livro é interessante e teríamos tudo para esperar que o filme fosse igualmente bom. Apesar do filme ser ok, ele peca em diversos momentos.
De início, é possível citar a própria questão da perspectiva de narrativa, que é feita pelos olhos e voz de Charlie, um adorável garotinho. É bizarro observar que o filme se perde nesse sentido, pois Charlie começa como o narrador da história, mas depois isso deixa de acontecer. Foi um recurso usado e jogado pelo caminho, evidenciando um dos desacertos da narrativa.
Outro ponto negativo está um pouco na construção da relação de Lydia e Jean e no desenvolvimento dos impactos que esse fato exerce na vida delas e do vilarejo. Apesar de, por um lado, eles conseguirem transmitir as emoções, envolver sentimentalmente o espectador, mexer com nossas sensações, tudo é feito de modo muito rápido, excessivamente direto ao ponto, sem uma construção mais apurada do desenrolar dessa relação.
O mesmo vale, conforme citado anteriormente, para os preconceitos e discriminações que ambas sofrem com os boatos e informações sobre o relacionamento delas. Tudo é feito de forma muito imediatista, o que compromete um pouco o engajamento.
Por outro lado, um ponto positivo está na relação do garotinho com as abelhas. A relação do garoto com as abelhas é uma maneira de exibir o processo de crescimento e amadurecimento dele, da forma como ele vê e processa sua realidade e a da sua mãe. Isso é feito de maneira tocante, sensível, calorosa.
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A despeito dos tropeços, Fale Com As Abelhas se desenrola de maneira ok…até o final. O final é um desastre, além de ser datado, preconceituoso, desconexo e desprovido de qualquer sentido. É um final onde a coerência foi despejada pelo ralo.
Um dos elementos que deixa claro a incoerência do final é que Jean havia saído “fugida” dali por conta de um episódio de sua adolescência, onde garotos machista, misóginos e lesbofóbicos estupraram a namorada dela. Com todo o escândalo e seus desdobramentos no vilarejo, ela foi embora. Agora, onde o local mais uma vez se mostrou lgbtfóbico, por que ela resolveria permanecer ali?
Além disso, em um dado momento, ela cogita ir para o Canadá junto com Lydia. E, mais uma vez, surge o questionamento sobre o final: por qual razão ela ficaria, se ir embora para o Canadá estava nos planos?
Por fim, um terceiro ponto é que, após uma cena toda poética e carregada de fantasia, onde as abelhas, a mando de Charlie, atacam o pai do garoto, para assim evitar que ele a estuprasse, não faz sentido criar um final, depois de uma cena com essa carga de fantasia e drama poderosa desse tipo, onde as duas não ficam juntas.
Levando tudo isso em consideração, fica mais explícito e evidente o preconceito, a lgbtfobia do final, da escolha do encerramento da obra. É a velha e suja tática de impedir, de N maneiras, que um casal LGBT fique junto.
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