Aimée e Jaguar (1999) – Crítica do filme

O filme “Aimée e Jaguar” foi lançado em 1999, contando com Max Färberböck na direção. O longa tem aproximadamente 2h04min e tem no elenco a presença de Maria Schrader, Juliane Köhler e Johanna Wokalek. Saiba mais aqui no Cinemarte.

aimee e jaguar
Créditos da imagem: IMDb – Reprodução

Sinopse de “Aimée e Jaguar”

Na Segunda Guerra Mundial, a pacata Lilly Wust (Juliane Köhler) fica em casa sozinha com os 3 filhos na maior parte do tempo, enquanto seu marido, um soldado nazista, está no front de batalha. A vida dela ganha outro sentido quando conhece Felice Schragenheim (Maria Schrader), uma moça judia lgbt que trabalha em um jornal, com a qual desenvolve um terno e tórrido romance.

Triste e dolorido

Quantas e quantas histórias que foram ou poderiam ser não foram tolhidas em decorrência do Holocausto? Quantos familiares, amigos, amores, etc, não foram perdidos por conta dessa que foi uma das maiores atrocidades de toda a História? A resposta é dura: infindáveis.

Aimée e Jaguar é um filme baseado em fatos reais, contando o caso de amor mais proibido e improvável que Romeu e Julieta: a história do amor de Felice Schragenheim, uma judia LGBT e Lilly Wust, a esposa de um soldado nazista. O filme é baseado no livro “Aimée e Jaguar: uma história de amor de Berlim”.

O filme Aimée e Jaguar começa em um momento mais atual, por volta de década de 1990, onde vemos uma Lilly já idosa, que vai para uma casa de repouso pelo fato de quererem vender o lugar que ela mora. Ao chegar lá, ela reconhece ninguém menos que Ilse (Johanna Wokalek), uma jovem que era sua funcionária doméstica e também ex-namorada de Felice.

A partir daí mostra um flashback. Temos uma Alemanha em plena Segunda Guerra Mundial, por volta de 1942. Felice e sua namorada Ilse estão no teatro, quando Ilse percebe a presença de sua patroa Lilly. Contudo, Lilly também não quer ser percebida, por estar acompanhada de seu amante Ernst, outro soldado nazista. Ilse comenta com Felice, que fica encantada com a beleza de Lilly e interessadíssima em conhecê-la.

Felice já perdeu seus pais nesse contexto, e mora abrigada escondida por Ilse. Felice então acaba deixando Ilse de lado aos poucos, apesar de manter a amizade e começa a se envolver cada vez mais com Lilly, a princípio em uma certa amizade. No ano novo, Felice rouba um beijo de Lilly, que a priori se assusta, mas depois chama a presença de Felice de volta. Daí em diante, elas engatam uma terna e intensa história de amor.

Felice vive na corda bamba, por conta do altíssimo risco que era ser judia nessa época, ainda mais em Berlim. Eventualmente, tinha que dar alguns sumiços, o que deixava Lilly furiosa (vale dizer que Lilly não sabia que Felice era judia).

Um dia, Felice e mais algumas amigas conseguem passaportes e passagens de trem para fugir. Entretanto, para desespero de suas amigas, ela resolve ficar para arriscar viver sua história de amor com Lilly. O marido de Lilly descobre, eles brigam, mas Lilly se separa dele. Elas vivem juntas por algum tempo, até alguém denunciar e Felice ser levada.

Riscos e mais riscos

Aimée e Jaguar é perfeitamente ambientado. A decoração, o figurino, o cenário, as músicas, os acessórios, tudo é bem montado, dando toda a experiência de imersão no contexto de época.

Há de se destacar também as atuações, sobretudo de Maria Schrader, Juliane Köhler e Johanna Wokalek, nos papéis de Felice, Lilly e Ilse, respectivamente. Elas conseguem transmitir toda a essência das personagens e expressar com maestria os sentimentos, pensamentos e atitudes de quem viveu naquela época e contexto específico.

Aimée e Jaguar é tão bem construído, redondinho, tão bem montado que praticamente não se vê passar as 2 horas do filme. Romance, drama, suspense e tensão, enfim, tudo ali é muito bem dosado, deixando a narrativa bem equilibrada.

Não há como negar que Felice não trata Ilse assim tão bem quanto deveria. Não que seja grosseira, mas não dá toda a atenção que ela merece, ainda mais por alguém que a ajudou tanto. Não há como negar esse deslize. Contudo, Felice é encantadora e apaixonante, alguém vivaz, intensa, autêntica, inteligente, alguém inegavelmente para lá de interessante.

Lilly já se mostra um pouquinho problemática, sobre certo ponto de vista. Além dos momentos em que levanta a voz para Felice, há uma atitude que ela toma que é, de longe, a mais problemática: ela chega a visitar Felice no campo de concentração; não visitar numa possível tentativa de ajudar, mas para visitar mesmo, para vê-la. Perdoem-me, mas isso não tem nada de bonito ou romântico e sim problemático, ainda mais pelo fato de que poderia complicar ainda mais a situação de Felice no campo.

Aimée e Jaguar (pseudônimo que ambas usavam quando escreviam cartas uma para a outra) é um filme lindo, mas sem sombra de dúvida bastante triste e dolorido.

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Redatora web há 7 anos. Faço parte da equipe de redação do Cinemarte, escrevendo reviews das séries e filmes que assisto!

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