Fale Comigo (2023) – Crítica do filme

O filme “Fale Comigo”, a mais nova produção da A24, estreou nos cinemas em agosto desse ano (2023), tendo uma duração de 1h34min. Danny Phillipou e Michael Phillipou são os responsáveis pela direção do filme. Quanto ao elenco, este por sua vez conta com a presença de Miranda Otto, Ari McCarthy, Hamish Phillips, Sunny Johnson, Sophie Wilde, Marcus Johnson, entre outros. Saiba mais aqui no Cinemarte.

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Créditos da imagem: The Latch/Reprodução

Sinopse do filme “Fale Comigo” (2023)

No filme “Fale Comigo”, produzido pela A24, a invocação de entidades espirituais tornou-se a última tendência nas festas locais. Mia, em busca de alguma distração durante o aniversário da morte de sua mãe, está decidida a aderir a essa moda.

A trama nos leva a seguir um grupo de amigos que faz uma descoberta surpreendente: uma mão embalsamada de origem misteriosa com o poder de convocar seres do além. Como era de se esperar, todos ficam empolgados com essa revelação inusitada, mas não demora muito para que a diversão tome um rumo desastrosamente perigoso.

Um dos amigos acaba indo além dos limites e, por acidente, abre uma porta para o mundo espiritual. Agora, enfrentando ameaças aterrorizantes, cada um dos amigos se vê diante de uma decisão angustiante: confiar nos espíritos de outra dimensão ou nos vivos.

Cuidado com quem você mexe

O novo filme de terror da A24 “Fale Comigo” tem despertado a atenção de muitas pessoas por aí, conquistando uma legião razoável de fãs. De maneira geral e resumida, pode-se dizer que Fale Comigo é um filme interessante, bacana, que cumpre bem sua função de entreter, mas que poderia ser ainda melhor.

No que diz respeito aos aspectos positivos da obra, podemos falar do jogo de câmera usado em diversos momentos, sobretudo na hora em que os espíritos aparecem ou possuem as pessoas, trazendo assim mais dinamismo, imersão e engajamento, mais verdade e intensidade também.

O ponto de partida básico é um clichê dos mais clássicos entre os filmes de terror: um grupo de amigos tentando contatar os mortos e com a óbvia consequência de causar problemas para os personagens por conta disso. Contudo, há de se deixar claro que o filme consegue trabalhar esse clichê, esse elemento de forma diferente, relativamente renovada, com uma cara ligeiramente nova, trazendo novos contornos e possibilidades para a trama e para a experiência.

A famosa “brincadeira do compasso” ou “brincadeira do copo” é algo mundialmente famoso e já presente não apenas na vida real, mas também nos filmes. Diferente desse formato habitual, na contato espiritual usado em Fale Comigo eles não usam um copo, compasso ou algo do tipo, mas um item ainda mais elaborado e interessante: a mão embalsamada de um antigo médium, que de alguma maneira foi sendo passada adiante até chegar nas mãos do grupo de adolescente principais do filme.

Ao contrário das “brincadeiras” habituais onde se faz perguntas e o copo ou outro objeto usado se move sobre a mesa, em Fale Comigo a pessoa deve apertar e segurar a mão embalsada, dizer “Fale Comigo” e, ao ver o espírito qualquer na sua frente, a pessoa deve dizer “Pode Entrar”, permitindo assim que o tal espírito “possua” a pessoa e fale com os vivos.

Mas há um detalhe: essa “possessão” deve durar apenas 90 segundos. Segundo reza a lenda ali, se passar de 90 segundos existe uma chance enorme do espírito possuir para sempre a pessoa. Bizarramente, os jovens ali no filme estão usando as incorporações como elemento da festa, como diversão, o que é tremendamente perigoso.

Porém a coisa começa a mudar um pouco de figura quando Mia, que não é muito bem recebida pelos colegas, com exceção da sua melhor amiga, Jade, topa segurar a tal mão macabra e servir de medium da vez. Coisas realmente sérias são ditas e a possessão ali parece estar mais intensa. As atividades se repetem até que um dia o namorado da sua amiga (que aliás é ex dela), se torna o medium da vez e faz coisas estranhas durante a possessão.

O irmão de amiga de Mia, Riley, quer entrar na brincadeira, mas Mia veta. Quando a amiga de Mia se retira da sala com o namorado, Mia deixa que o garoto participe da brincadeira. Quiçá por uma sensibilidade maior, o garoto canaliza supostamente a mãe morta de Mia e fala coisas que calam fundo nela. O tempo máximo de possessão é ultrapassado e tudo começa a dar errado e o garoto, ainda servindo de medium, começa a se machucar feio.

Um dos trunfos de Fale Comigo é sua capacidade de provocar e manter uma contínua sensação de tensão, apreensão e desconforto. Tudo se torna cada vez mais sombrio, obscuro e, ao mesmo tempo, ganhando novas camadas e profundidades, gerando uma série de emoções, levantando todo um conjunto de questionamentos.

Sem sombra de dúvida um grande e importante tópico do filme é a questão da saúde mental e emocional. Mia ainda está processando o luto pela morte da mãe, além de outras questões. Ela tem de lidar com seus demônios internos e a “brincadeira” com a mão embalsamada se torna, de certa forma, uma válvula de escape. Todavia, esses demônios internos a tornam mais vulnerável às investidas dos espíritos ruins evocados pela brincadeira. O filme Fale Comigo levanta essa reflexão sobre a importância de cuidar da saúde mental, de procurar ajuda, da importância de uma rede de apoio e o quanto a falta disso pode trazer consequências devastadoras.

É a jornada emocional de Mia, é sua luta contra os demônios internos e externos, é seu esforço árduo em ao menos tentar resolver as coisas, de alguma maneira.

Uma crítica negativa fica quanto ao universo espiritual construído ali. Falta um pouco mais de “substância”, um pouco mais de “carne” ali. Não fica claro as motivações que levam os espíritos que atormentara Riley e Mia. Fica aquela pergunta no ar de “Por que? Por que está acontecendo isso? Por que esses espíritos estão fazendo isso?”. Certamente que se poderia trabalhar na narrativa com o simples desequilíbrio e afins de tais espíritos errantes, que acabam vitimizando os vivos que foram levianos ao fazer a tal brincadeira.

Entretanto, a obra acaba insinuando que tem algo a mais do que só isso, mas não explica o por quê, não aprofunda nesse mundo espiritual.

Apesar dessa falha, Fale Comigo segue sendo um bom filme de terror, que certamente vale a pena ver.

 

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Redatora web há 7 anos. Faço parte da equipe de redação do Cinemarte, escrevendo reviews das séries e filmes que assisto!

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