O filme “Argentina, 1985” foi lançado no ano de 2022, tendo estreado na Argentina em 29 de setembro do ano passado. Com uma duração de 2h20 e direção de Santiago Mitre, a obra conta ainda com Ricardo Darín e Peter Lanzani no elenco. Vale destacar que ele concorre ao Oscar de Melhor Filme Internacional no Oscar 2023. Saiba mais aqui no Cinemarte.
Sinopse de “Argentina, 1985”
O filme “Argentina, 1985” retrata a história real de Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, dois advogados que encontraram coragem para fazer uma investigação e abrir um processo para punir os responsáveis pela sangrenta ditadura militar da Argentina, em 1985.
Nunca mais
A América Latina foi assolada por uma série de ditaduras militares. Entre eles, alguns países da América do Sul, como Brasil, Paraguai, Uruguai, Chile e, o caso que nos interessa neste instante, na Argentina. Conforme fica evidenciado no filme “Argentina 1985”, a ditadura argentina acabou em 1985, após um período marcado por muita repressão e violência por parte do governo ditatorial.
O que estava em jogo era a responsabilidade dos militares responsáveis pela perseguição política, tortura, agressões e mortes de milhares de pessoas. Não era possível passar adiante na história do país sem que houvesse o devido julgamento e punição dos ditadores responsáveis por tantas atrocidades.
Uma das coisas mais interessantes de Argentina 1985 é que ele foi capaz de transmitir toda a emoção, toda a angústia, toda a ansiedade e tensão do momento sem recorrer à uma teatralização dos acontecimentos. De forma quase prosaica, a obra foi capaz de transmitir o peso, objetivo e subjetivo, desse pedaço da história argentina.
É interessante também que o filme não romantiza toda a luta e esforço de Strassera e companhia em conseguir o intento de obter a punição dos ditadores. É mostrado todas as dificuldades, todas as pedras no caminho, as ameaças, o ar de superioridade e impunidade dos envolvidos e aliados da ditadura, a engenhosidade para levantar as provas.
Apesar da duração longa, a obra de forma alguma é maçante ou enfadonha. Pelo contrário: ela consegue prender o espectador 100% do tempo, em todo o conjunto de cenas e não apenas aquelas estrita e diretamente a construção do processo, julgamento e condenação, mas também nos impactos dos fatos na família, entre outros.
Cabe destacar aqui a atuação incrível de Ricardo Darín, como sempre. Sem afetações, sem exageros, sem caricaturizar, Darín dá vida de forma natural e realista ao protagonista da obra, transmitindo todas os sentimentos de forma orgânica.
Outro destaque na construção da narrativa se deve às cenas onde ocorrer os depoimentos das vítimas. Aliás, esses são alguns dos pontos altos de Argentina 1985. O depoimento doloroso, pesado e intenso das vítimas deu mais peso e dramaticidade à história, à narrativa, cativando e ganhando o apoio do público de uma vez por todas.
É impossível não citar o discurso final de Strassera, que foi simplesmente de arrepiar, profundo e absurdamente emocionante. Toda a revolta e indignação e sede de justiça estão condensados nesse discurso, sendo o ápice do filme.
Felizmente, como se sabe, ao menos os principais responsáveis pelas atrocidades da ditadura militar argentina foram condenados e presos. Entretanto, o filme não romantiza e não esconde que não se logrou em punir todos os responsáveis. Afinal, todas as forças responsáveis por colocar e manter os ditadores no poder até então permaneciam atuantes e fortes. Mas, por outro lado, ao mostrar a condenação, a obra deixou claro a resposta sobre a ditadura militar argentina: nunca mais!