Vá e Veja (1985) – Crítica do filme

O filme “Vá e Veja” foi lançado mundialmente em 1985, mais precisamente no dia 09 de julho. A obra conta com a direção de Elem Klimov e tem uma duração de 2h26min. No elenco, conta-se com a presença de Alexei Krawtschenko, Olga Miranova, Liubomiras Laucevicius, entre outros. Saiba mais sobre esse filme aqui no Cinemarte.

Vá e Veja (1985) - Crítica do filme
Créditos da imagem: Film Obssessive/Reprodução

Sinopse de Vá e Veja

O filme Vá e Veja conta a história de Florya, um jovem bielorusso que decide se unir à resistência contra os nazistas no período da Segunda Guerra Mundial. Ele acaba se distanciando involuntariamente dos seus comandantes e sofre as mais inimagináveis experiências.

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A guerra nua e crua

Se tem palavras que definem o filme Vá e Veja são estas: nu e cru. É a realidade, aliás, a realidade nua e crua da guerra de uma das maneiras mais firmes que um filme de ficção é capaz de reproduzir. A obra é “impiedosa”, no sentido de que não há aqui romantizações, não se bota “panos quentes” em nada. Uma guerra é uma realidade opressiva e cruel e o filme evidencia isso.

A Segunda Guerra Mundial em especial é, sem sombra de dúvidas UMA DAS guerras mais sangrentas e terríveis da História como um todo, sobretudo da Idade Contemporânea. Tanto a Primeira Guerra quanto a Segunda Guerra Mundial são o que se chama de guerra total, ou seja, quando se mobiliza todos os recursos para tornar o combate viável e os civis e suas infraestruturas relacionadas também são considerados alvos legítimos.

O nazismo, uma ideologia de extrema direita, foi um dos regimes mais cruéis de toda a história e, aliado a um poderio bélico gigantesco, passou como um rolo compressor pela europa, incluindo o leste europeu. A Bielorússia, que a época fazia parte da URSS (União Soviética) não passou incólume pelas ações e atrocidades nazistas.

E, pegando esse gancho, fica uma pequena crítica a obra: sente-se falta de um pouco mais de contextualização, de explicação. Não estou dizendo que o filme precisa falar tudo, passar as coisas de forma mastigada, nem nada disso. Mas a pouca contextualização deixa o espectador um pouco perdido e, consequentemente, com dificuldade de entender o quadro maior, ao menos a princípio.

(ATENÇÃO: MUITOS SPOILERS DAQUI EM DIANTE)

Algo que só é compreendido e evidenciado depois de um tempo razoável de filme é que a Bielorússia foi invadida e ocupada pelos nazistas, sofrendo com toda a opressão e crueldade deles. Até um certo pedaço do filme sabe-se que há nazistas por ali e que os mesmos estão sendo combatidos, o que é óbvio, pois fica óbvio que é um filme relacionado à SGM, mas leva-se um tempo até entender que o país como um todo está ocupado em si.

Vá e Veja não economiza em dramaticidade e tensão, em mostrar os horrores e temores da guerra. A forma como a obra explicita as torturas impetradas pelos nazistas e os massacres cometidos por eles fazem dele um filme forte, denso, intenso.

A obra é simplesmente devastadora. É selvagem, é pesado. E diga-se que todo o drama, pesadelo e dor que ele transmite é feito sem grandes efeitos e artifícios mirabolantes. Fala sobre dor, sofrimento, sobre perda, sobre trauma, sobre o quão os seres humanos e a vida podem ser implacáveis.

Vá e Veja mostra o quanto a guerra não apenas desumaniza as pessoas muitas vezes, mas também o quanto e como ela mina o psicológico, o quanto ela destrói a mente e o emocional de todos, das mais variadas formas.

É impossível não destacar a atuação de Alexei Krawtschenko. Dotado de uma habilidade de atuação incrível, ele consegue exprimir em seu rosto toda a dor, horror  e sofrimento da personagem. A cada atrocidade que o personagem testemunha e vivencia, fica ainda mais evidente no seu olhar, que vai se tornando cada vez mais destroçado, espantado, deformado.

Florya vai perdendo progressivamente a sua sanidade mental, vai adquirindo uma irracionalidade visível e vemos sua subjetividade cada vez mais desnorteada.

Uma outra crítica fica quanto a forma em que se trabalha a questão espacial no filme. Soa tudo bastante confuso, bagunçado, deixando o espectador pedido em termos de espacialidade, em termos de onde as ações vão ocorrendo. Careceu aqui uma elaboração melhor da questão da relação com o espaço aqui na narrativa.

Mas, inegavelmente, isso não tira todos os outros méritos de Vá e Veja. Vá e Veja é muito interessante também por mostrar um outro olhar, no caso o olhar russo/bielorusso sobre a SGM.

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Redatora web há 7 anos. Faço parte da equipe de redação do Cinemarte, escrevendo reviews das séries e filmes que assisto!

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