O filme Nocebo estreou em 14 de outubro de 2022, tendo no elenco principal a atriz Eva Green, Chai Fonacier, Cathy Belton e Mark Strong. O terror psicológico conta com uma duração total 96 minutos e tem Lorcan Finnegan na direção do longa. Saiba mais aqui no Cinemarte.
Sinopse do filme “Nocebo” (2022)
Uma estilista de moda padece de uma doença bastante misteriosa, que deixa os médicos perdidos e preocupa imensamente o seu marido. Em um dado momento, uma babá das Filipinas chega para trabalhar em sua residência e, por meio de curas tradicionais pautadas no folclore e sabedoria popular, promete curar a estilista. Contudo, uma verdade horrorosa se revela.
Potencial subutilizado
Se tem uma palavra que define o filme “Nocebo” é potencial subutilizado. Ele tem elementos interessantíssimos, um plot interessante, uma história repleta de elementos que poderiam fazer dele um filme potente e realmente arrebatador. No entanto, a execução não foi das mais felizes e muitos elementos que poderiam ser mais e melhor explorados não o foram. Não é um filme ruim. É aquele filme bacaninha, mas não passa muito disso.
Vale dizer ainda que há alguns furos e lacunas na narrativa, no desenvolvimento das cenas e ações. Um dos maiores exemplos seja aquele pedaço em que a menininha, manipulada pela babá/funcionária do lar, mente para a mãe a respeito do pai e a mãe simplesmente acata sem contestar muito, sem investigar.
Oras, quem em sã consciência ia simplesmente aceitar calado tudo o que a garotinha teria falado, sem ao menos questionar, sem ao menos averiguar mais a fundo a situação? Soa inverossímil demais. Um verdadeiro furo na narrativa.
Vale dizer ainda que o filme é um pouco “previsível”. Com alguns minutos de filme, fica fácil especular e imaginar o que aconteceu para a protagonista Cristina não estar assim bem de saúde física e mental. E aí, nesse contexto, entra outro furo: por mais que Cristina tenho tido alguns problemas de memória, como iria esquecer que contratou uma funcionária para trabalhar em sua casa?
O maior trunfo do filme, a coisa mais interessante que ele contém é a sua ferrenha crítica social sobre a indústria de roupas e acessórios, sobre a indústria da moda, sobre o universo do fast fashion. Nocebo vai criticar essa indústria de roupa/sapatos/moda, que lucra milhões, vende no planeta inteiro, a custa de trabalho análogo à escravidão ou algo muito perto disso.
O filme evidencia de maneira muito interessante e perspicaz o quanto de exploração absurda acontece por essas grandes empresas de vestuário/moda. Muitas delas instalam fábricas em outros lugares, como no Leste e Sudeste asiático, para se aproveitar da mão de obra barata. Mas não pense que as condições de trabalho são boas: são péssimas, totalmente insalubres, como o filme tenta mostrar, podendo e causando danos a saúde do tão explorado trabalhador.
Ligado de certa forma a esse contexto está aquele que outro grande erro do filme: a falta de um melhor desenvolvimento e apresentação sobre as diferentes nuances da protagonista Cristina. Perto do final do filme, descobre-se que houve um acidente em uma fábrica na Ásia (pertencente a empresa de Cristina) e a filha daquela que será sua funcionária do lar acaba morrendo, o que motiva tal mulher a encontrar Cristina e se vingar.
Em um dos flashbacks, vemos uma Cristina dura, rígida, inumana e cruel, algo aparentemente muito distinto da suposta Cristina boazinha e inofensiva que aparece o filme todo. Sim, sabemos que as aparências engano e pessoas podem ser lobos em peles de cordeiro, mas o filme acaba sendo incoerente em não mostrar, ao menos algumas poucas vezes as nuances da personagem, mostrar ao menos alguma pista, algum indício de que ela é assim cruel.